A INVISIBILIDADE DA MULHER LÉSBICA NA SAÚDE PÚBLICA

Nos avanços da área da saúde, as necessidades das lésbicas ainda são pouco discutidas e incorporadas no cenário das políticas públicas de saúde. 

Os cuidados à saúde de nós, lésbicas, ainda são invisíveis e isso resulta na ampliação da nossa vulnerabilidade que, quando recorremos aos serviços de saúde, não somos orientadas adequadamente para o sexo seguro e protegido. 

A literatura científica brasileira ainda é escassa no que concerne aos cuidados das mulheres lésbicas e pouco se conhece a respeito da saúde sexual e reprodutiva das mesmas. 

O atendimento ginecológico no sistema privado e público ainda é voltado para as mulheres heterossexuais e há um despreparo e falta de sensibilidade por parte dos médicos. E assim, na maioria dos casos, o profissional que nos atende não questiona a nossa orientação sexual e por medo do julgamento, da exposição ao preconceito ou discriminação do profissional de saúde, as mulheres lésbicas omitem essa informação sobre sua orientação sexual e acabam recebendo orientações sem sentido. 

Pela falta de preparo e as orientações sem sentido que as lésbicas recebem desses médicos, os números de atendimento realizados no exame preventivo de câncer cérvico vaginal(papanicolau) por heterossexuais e lésbicas são MUITO discrepantes. 

A média de mulheres héteros que realizam esse exame é de 89,7%, enquanto a média de mulheres lésbicas que realizam é de 66,7%(TANCREDI, 2009). Como a média de mulheres lésbicas que realizam o exame preventivo papanicolau é mais baixa do que as mulheres heterossexuais, as lésbicas estão mais vulneráveis aos agravos que poderiam ser identificados precocemente, como o câncer de mama e colo de útero, além das IST’s. 

Sempre que falo sobre esse assunto, seja com uma amiga ou numa rodinha de bar, eu gosto muito de dizer que: não deixem de realizar os exames preventivos ANUALMENTE! Eu sei que nosso tempo é corrido, nosso sistema público de saúde é falho, mas eles são MUITO importantes. Nós temos uma visibilidade baixíssima na saúde pública, mas não podemos deixar de nos cuidar por isso. 

Outro adendo que eu gostaria de fazer é: coloquei a referência ali em cima para que vocês tenham uma ideia de como somos invisíveis perante a pesquisas e artigos acadêmicos, esse foi o artigo mais RECENTE que encontrei com esse assunto para usar como base de pesquisa, um artigo de 2009! 

Peço as manas da saúde que forem realizar o tcc ou uma iniciação científica que lembrem de nós lésbicas, precisamos MUITO dessa pesquisa, dessa atenção e dessa visibilidade!

Texto:
Dryelle Lima, 21. Biomédica formada pela Universidade Anhembi Morumbi

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